JANEIRO BRANCO
Feito por: EQUIPE INASP
O Janeiro Branco é uma campanha de conscientização que tem como objetivo destacar a importância dos cuidados com a saúde mental e emocional da população, abordando temas como prevenção de doenças psicológicas decorrentes do estresse, como a ansiedade, a depressão e o pânico. Criada em 2014 em Minas Gerais pelo psicólogo Leonardo Abrahão, essa iniciativa cresceu e conta hoje com colaboradores em várias cidades do Brasil, promovendo ações e reflexões sobre saúde mental no primeiro mês do ano.
Janeiro foi estrategicamente escolhido por ser o primeiro mês do ano, momento em que muitos estão inclinados a refletir sobre novos começos e a renovação de metas. Esse espírito de renovação é propício para motivar as pessoas a olharem com mais atenção para a saúde mental e o bem-estar emocional. A cor branca, símbolo da campanha, representa uma página em branco — um convite para que cada pessoa desenhe uma nova história, buscando mais equilíbrio e saúde emocional.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o conceito de saúde mental vai além da simples ausência de transtornos mentais; ele inclui o bem-estar físico, mental e social, refletindo em todos os aspectos da vida do indivíduo. Portanto, cuidar da saúde mental é uma questão que afeta diretamente a vida em sociedade e as interações interpessoais, influenciando no ambiente familiar, profissional e social.
Durante décadas, o cuidado em saúde mental no Brasil foi marcado pelo isolamento e institucionalização dos pacientes em grandes manicômios. Nesses lugares, as pessoas frequentemente eram tratadas com violência, desrespeito e sem permissão para deixar as instalações, distantes de seu contexto social e familiar. O foco era a eliminação dos sintomas, muitas vezes sem considerar o impacto emocional e social sobre os pacientes, o que incluía o uso exagerado de medicamentos e outros tratamentos invasivos, como estímulos elétricos.
Esse modelo começou a ser contestado no cenário mundial nas décadas de 1940, com movimentos que buscavam a humanização dos cuidados psiquiátricos, ganhando força no Brasil apenas nos anos de 1970, por meio do Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental. Esse movimento impulsionou uma reforma psiquiátrica no país, defendendo um tratamento mais humanizado e que respeitasse os direitos das pessoas com transtornos mentais.
Nos anos de 1980, surgiram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que trouxeram uma abordagem mais comunitária, considerando o contexto de vida do paciente e priorizando um atendimento individualizado. Em 2001, a Lei da Reforma Psiquiátrica foi promulgada, consolidando os direitos dos cidadãos com transtornos mentais e buscando erradicar os abusos do passado. Já em 2011, a criação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estruturou e consolidou o modelo de atenção psicossocial no Brasil.
Mesmo antes da pandemia de COVID-19, o Brasil já registrava altos índices de ansiedade, com cerca de 18 milhões de brasileiros enfrentando algum tipo de distúrbio relacionado ao estresse, representando aproximadamente 9,3% da população. Já a depressão afetava 12 milhões de pessoas, tornando o país líder em incidência na América Latina. Com a pandemia, esses números se agravaram, impulsionados por fatores como o isolamento social, a perda de entes queridos, a crise econômica e o impacto na rotina das famílias.
De acordo com uma pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), houve um aumento de 90% nos casos de depressão entre março e abril de 2020. A incidência de crises de ansiedade e sintomas de estresse agudo quase duplicou no mesmo período. Outro estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostrou que cerca de 80% da população se tornou mais ansiosa nos meses seguintes ao início da pandemia. A Associação Brasileira de Psiquiatria também relatou um aumento de 25% nos atendimentos psiquiátricos e um agravamento nos sintomas de muitos pacientes após o início da pandemia.
Diante desses desafios, o Janeiro Branco busca não apenas conscientizar, mas também promover uma reflexão coletiva sobre o que cada um pode fazer para melhorar sua saúde mental e a das pessoas ao seu redor. A campanha convida todos a desenharem uma nova história em uma página em branco, promovendo a busca por apoio profissional e a construção de redes de apoio e compreensão no âmbito pessoal e social.
Em um país onde a saúde mental ainda enfrenta estigmas, iniciativas como o Janeiro Branco são fundamentais para abrir diálogos, diminuir preconceitos e lembrar que cuidar do bem-estar emocional é tão importante quanto cuidar da saúde física. Por meio dessa campanha, espera-se que mais pessoas se sintam encorajadas a buscar ajuda e a entender que a saúde mental é essencial para uma vida equilibrada e feliz.
REFERÊNCIAS:
https://www.gov.br/inss/pt-br/noticias/janeiro-branco-mes-de-conscientizacao-pela-saude-mental-e-emocional
https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/janeiro-branco-2013-a-primeira-meta-e-cuidar-da-gente-mesmo
https://futurodasaude.com.br/saude-mental-no-brasil/